terça-feira, 9 de junho de 2009

o que realmente presta?

quando eu era criança, de pura inocência acreditava que o mundo era perfeito, que as pessoas não tinham defeitos, e que eu nunca iria me decepcionar. Aos poucos, conforme ia crescendo, meu espanto era imenso quando presenciava injustiças, tristeza, fome, mentiras. Do meu ar de inocência, sobrou em mim, pura nostalgia. Com o tempo, percebi, o quanto me sinto dispersa, perdida. E por tantas vezes, gritei por dentro, mas mostrava-lhe apenas meu sorriso singelo. Sou mesmo assim, uma incógnita, muito mais pra mim, do que pra qualquer um. Percebo em mim sutilizas, simpatia. Mas a tristeza me enfatiza. Buscaste encontrar luz, em meu vago olhar vazio. Já não sei se presto ou não. Mas ainda acredito na imperfeição, do inexato, do inexistente, do imaginário. Quando eu era criança, acreditava que poderia ajudar melhorar o mundo, hoje já não sei se meu desejo não é destruí-lo.

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

passos lentos


Com passos lentos percorro meu caminho. Sinto a brisa suave, consigo respirar sozinha. Me sinto tão leve, como se voasse, perante asas que não possuo. Já quis ser anjo, já quis ser águia. Voei, voei. Mas em fim, acordei, do sonho de liberdade. Liberdade do pesadelo que vivi, do medo que senti. Sinto ainda receio de ver-te a face, pânico da tua voz. Sou forte, sou grande perante ti. Percorro agora, com passos lentos, a minha estrada, e deixo pra trás, o que me afoga, o que me assusta. Acredito ainda, que quanto mais me assusto com minhas lágrimas, mais percebo o sorriso na minha face, sorriso sincero, de quem venceu, ainda não a guerra, mas mais uma batalha.


"Não preciso de modelos, não preciso de heróis, pois tenho meus amigos de quando a vida dói..."

meu doce e amargo eu


Já procurei saborear o fel, e acabei lambusando-me de mel. Procurei sentido no concreto, e me perdi no abstrato. Já busquei sentido, me perdendo sem sentir. Todo dia, busco um pouco mais de mim, nas coisas que gosto, nas coisas que sinto e principalmente, nas que transmito.
Já senti arrepios sem se quer ser tocada. Já fiz planos e já busquei princípios, que por fim, deixei pelo caminho. Cai, levantei, bati a cabeça, chorei, pensei, sorri... Muitas vezes eu menti. Nem sempre só pra me proteger. Não busco perfeição. Nunca a desejei. Na verdade, sempre gostei do impuro, do impreciso, do que geralmente as pessoas não suportam, não aceitam. Longe até demais, de qualquer coisa perfeita em que possa me impor. Busco perfeição apenas no que não me pertence, no que não depende de mim. As vezes perco rumo, as vezes busco encontrá-lo. Já tentei voar, já dei asas a minha imaginação, fui tão longe e logo após acabei no chão.
Mas sempre que eu caio, vem um novo plano, um novo degrau, um novo argumento, uma nova canção. Não espero que os outros façam por mim, o que só eu posso fazer, e tem vezes, que nem eu posso. As vezes consigo conter-me, outras vezes me acabo em risadas. Não preciso de sentido, não preciso de motivos, o que eu tenho, quem eu tenho e eu me basto pra mim, e se eu não puder sorrir, cantarei uma canção.